quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Grau de instrução dos pais e aulas até as 5

Com todo o respeito que me merece a profissão de professor, que me merece muita, os que merecem, como é evidente, pois em todas as profissões há os que e os que não que, com todo o direito à greve a que têm direito, pois claro que sim e nem ponho em dúvida, tenho, no entanto, uma pequena nota a fazer, muito pequena mesmo, nada de importante, como é evidente.

O próximo professor que me vier com a conversa que os papéis se inverteram, que falta isto, falta aquilo, que o aluno é fulano do tal, e que tem de "tomar conta do menino até às 5, e que nós é que temos culpa, isto porque se queixaram do transtorno que lhes causou a greve, lembro que esses péssimos professores, que depositam a matéria como um saco, e não gostam de permanecer na escola até "tão tarde" etc. etc., os alunos não vão rodar polegares a seguir. E que, realmente antigamente não era assim, mas os tempos mudam...

E que, leiam bem, nem só a profissão de professor é merdosa.
Façam lá as greves todas que quiserem, mas não me venham para cima de nós e dos nossos pais. Isso de generalizar a rica vidinha dos pais é a mesma merda que eu generalizar a rica vidinha dos professores. (Sim, a directora de turma a pedir o grau de instrução dos nossos pais... Onde já se viu? Só para distinguir que aquele é filho do pedreiro e o outro é filho do advogado...(?)

Quem não diz (porque será?), para o professor consta como analfabeto. Realmente, eu (e muitos pais, se calhar) é que não estou para me chatear.

É claro que as generalizações são sempre injustas, partam de quem partirem. As dos pais contra os professores, as dos professores contra os pais (que mesmo sendo pais têm o privilégio de ter horários compatíveis com a escola dos filhos, ..!)

A mim o que me chateia é mesmo a atitude corporativista de uma classe que se queixa sempre de tudo. Eu conheço escolas que funcionam muito bem e outras que funcionam mal. A lei é igual para todas. Quem faz as escolas é quem as habita. E os bons professores fazem boas escolas e os maus fazem más escolas.

Agora, um protesto contra a medida do Governo em ter as escolas abertas até às cinco e meia da tarde, note-se, não é até às sete, é até às cinco e meia, porque não são amas e o caraças, pá, irrita-me.

Irrita-me que sejam uns queixinhas de merda e ainda por cima não percebam e critiquem quem tem de trabalhar mais horas que eles e que por isso, ao contrário deles, não tenha a disponibilidade que deseja para os filhos.

Quando pais e professores passarem a pensar nas crianças, pode ser que tudo melhore.


Nunca ouvi professores preocupados com os alunos (devem existir, mas no meio da confusão, de poucos que devem ser, não se ouvem).

Parece-me que a ministra também não se preocupa com os alunos (não sei, parece-me).
Alguns pais, talvez, também não se preocupem e os despejem nas escolas (ou então, não têm horário de funcionário público e trabalham em empresas onde sair às 6 é um mito urbano).

Esta sensação (que me fica) de que o que querem é não fazer nenhum, que gostam de ser uns calimeros é que é me deixa cada vez mais incomodado.
Assim, de repente, parecem-me os próprios alunos (a pensar nos seus umbigos e nas suas baldas sem nunca medir a importância que a educação tem para o futuro deles e do país).

Não consigo concordar com os professores, por mais voltas que dê! Não estão a conseguir "ensinar-nos" quais os verdadeiros problemas das escolas e a importância daquilo por que lutam (expliquem melhor, sff).

Talvez sejam apenas maus professores, embora cheios de razão (e por isso, injustamente, chumbam no exame da opinião pública)?

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